
Há uma série de especulações em torno da missão de resgate enviada por Israel a Minas Gerais. Entre elas, manifestações antissemitas das mais diversas formas.
O antissemitismo é um fenômeno que permanece, se reproduz e faz mutações ao longo dos séculos. É também uma força poderosa capaz de unir a extrema direita e a extrema esquerda, algo absolutamente raro em especial numa era de grande polarização.
Desde que a missão israelense foi anunciada, já vi toda a sorte de teorias estapafúrdias: o país estaria interessado no nióbio brasileiro; ou iniciaria em Minas Gerais (!) o primeiro estágio de intervenção na Venezuela. Pois é.
Israel já enviou missões de resgate a diversas partes do mundo: depois do grande terremoto da Turquia, em 1999, e após o que devastou o Haiti, em 2010; e depois do tufão que atingiu as Filipinas, em 2013; e nos terremotos que devastaram o Nepal, em 2015, e o México, em 2017. A unidade que está no Brasil atuou em 20 situações de desastres e tragédias em todo o mundo.
Desde novembro de 2018, a Brigada de Resgate e o Comando de Frente Interna de Israel passaram a integrar o Grupo Consultivo Internacional de Pesquisa e Resgate (INSARAG, em inglês), rede de países e organizações dedicada a busca e resgate e coordenação operacional.
Imaginar e teorizar algo além da missão humanitária é fruto do desconhecimento ou do próprio antissemitismo venal que estabelece que os judeus - e o Estado judeu, neste caso - devem estar sempre sob profunda desconfiança.
Uma das manifestações antissemitas mais antigas e recorrentes enxerga os judeus como grupo único que se mantém permanentemente em atividade conspiratória se aproveitando da “inocência” do restante da humanidade.
É exatamente este olhar de suspeita sobre os judeus - e neste caso, sobre o Estado judeu - que está novamente em atuação no Brasil diante da missão de resgate israelense. É o velho antissemitismo de sempre. Nada além disso.